Estado decidiu vida ou morte da <em>Irmal</em>

A assembleia de credores da Irmal, empresa de metalomecânica pesada das Caldas da Rainha, estava marcada para ontem, e o sector público administrativo, como credor maioritário, deveria decidir a retoma da laboração, exigiu o Sindicato dos Metalúrgicos de Coimbra e Leiria.
Numa carta-aberta, enviada na semana passada «a todas as autoridades com competência para decidir sobre o futuro da Irmal», o sindicato salientou que, para a viabilização da empresa, «existem condições no domínio da produção, nomeadamente mercado, capacidade produtiva e força de trabalho especializada».
O outro caminho seria a liquidação, condenada pelo sindicato porque «constituiria um rude golpe no sector produtivo, quer ao nível nacional, por haver insuficiência no sector da metalomecânica, quer ao nível local e regional, tendo em conta os encerramentos sucessivos que se registaram no sector produtivo de Caldas da Rainha».
A assembleia de credores foi constituída no quadro do processo de insolvência da Irmal, In­dús­trias Reu­nidas de Mo­bi­liário de Aço L.da. Devido à existência de salários em atraso, explicou o sindicato, os operários suspenderam a 18 de Maio os contratos de trabalho, para darem «um sinal claro de que não iriam permitir a continuação da pouca vergonha, que é trabalhadores que perdem os postos de trabalho terem de esperar anos para receberem, quando recebem, aquilo a que têm direito». Mas, salienta-se na carta-aberta, «fizeram-no acima de tudo com a intenção de evitar a acumulação de encargos, permitindo que seja atingido o objectivo principal, que é repor a fábrica a laborar». Conclui o sindicato que, «passados três meses, está provado que seguiram o caminho certo».
Constituída há 30 anos, na sequência da descolonização e com importantes apoios do IARN, a Irmal «registava nos últimos tempos uma evidente insuficiência de gestão», «os alertas dos trabalhadores foram ignorados» e «a gerência preferiu embarcar na moda de ganhar dinheiro com a falência».
Ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro, aos ministros do Trabalho, das Finanças e da Economia, aos grupos parlamentares, ao Governador Civil de Leiria, ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e ao chefe de Finanças deste concelho o sindicato refere que «a manobra foi delineada com todos os pormenores e consistia no crescente endividamento, enquanto os activos se volatilizavam por artes de magia, deixando os credores sem possibilidade de reaver os seus direitos e os trabalhadores sem emprego, sem salário e, no extremo, sem as indemnizações devidas por cessação do contrato».

Exemplo
de luta


O Sindicato dos Metalúrgicos salienta que a luta dos trabalhadores da Irmal «permitiu estancar parte deste sinistro processo, isolando o testa de ferro da administração e impedindo o registo, a favor de terceiros, do património imobiliário». Por outro lado, «com o seu exemplo, os trabalhadores da Irmal quiseram dizer a todas as entidades e à população das Caldas da Rainha, que era chegada a hora de pôr fim à onda de “trafulhices” que nos últimos tempos caracterizou a falência de empresas industriais, à maneira do que sucede por todo o País».
Da assembleia de credores de ontem, no entender do sindicato, deveria sair «um mandato preciso ao gestor judicial, para que proceda à transmissão do estabelecimento, vendendo-o com vista à retoma da laboração, permitindo-se desta forma que todos os valores apurados revertam para os credores», enquanto «para os trabalhadores, e isto sem prejuízo dos credores, já que daí não lhes virá um tostão, ficará o mais precioso de todos os bens por que lutam: os postos de trabalho».
Duas empresas associadas da Irmal, que se encontram igualmente paralisadas por terem gestão comum e actividade no mesmo espaço físico, são também referidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos. No caso da Lus­tainer, «já deu entrada o requerimento de insolvência, que basta ser apenso para decisão comum, já que nem sequer é fácil separar activos». Já a Tu­bang, «sendo um caso de polícia, apenas requer atenção das autoridades».


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